quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O melhor melhor amigo do mundo

Eu tinha apenas uma lágrima no rosto e muitas incertezas no coração. O que faria agora que sabia a verdade?  Bem, era por isso que eu estava me abrindo com ele, não havia ninguém mais no mundo que eu pudesse realmente confiar além do meu melhor amigo.
E eu estava triste, muito triste.
Foi quando eu o olhei direto nos olhos procurando consolo, e aí eu percebi que ele era mais, muito mais que um simples melhor amigo.
Aquele não foi um momento de coragem ou superação. Foi mais como se eu tivesse sido vencida pela minha própria vontade.
Derrotada, baixei os olhos eu disse:
- Você podia me beijar agora.
Eu não consegui encarar a expressão no rosto dele, mas imaginei que fosse de surpresa, uma surpresa satisfeita.
Havia uma sombra de riso em meus lábios, afinal, eu não podia deixar de achar graça em ver os papéis invertidos. Geralmente era ele que tentava me beijar a todo custo. Era ele que costumava dizer que se eu deixasse eu seria mais que uma melhor amiga para ele.
Eu o espiei pelo canto do olho. Ele apenas piscou. Era óbvio que ele achava que não tinha ouvido direito, mas parecia estar com medo de perguntar.
- Hein? - conseguiu dizer.
Mordi o lábio. Não sabia se conseguiria repetir o pedido. Mas eu não precisei, foi ele quem falou primeiro.
- Eu ouvi direito?
Eu só tive forças para afirmar com a cabeça.
Um sorriso incrédulo surgiu no rosto do meu melhor amigo. Era claro que ele não podia acreditar.
O sorriso sumiu de repente, e eu o vi mergulhado em reflexões. Talvez estivesse considerando a possibilidade de eu estar brincando com ele. Achei que talvez fosse justo.
Mas no final seu desejo esqueseu a possível regeição. Ele não disse nada, não fez nenhum comentário. Me senti sendo puxada por ele, e em seguida seus lábios ressecados pelo frio nos meus.

Nos separamos com sorrisos e olhares acanhados porém felizes.
Mas uma confusão de pensamentos e sentimentos tomou conta de mim de repente. É difícil explicar, não sei exatamente em que pondo meu sorriso foi tomado pelas lágrimas e se transformou em soluços. Não sei exatamente o que me fez chorar ou quais pensamentos estavam em minha cabeça. Fora um dia muito exaustivo.
Eu me atirei para abraça-lo e logo estava envolvida por seus braços quentes. É verdade que estava nevando e que seu casaco vermelho estava quase branco, mas havia algo ali que me aquecia, que me confortava. Era um abraço de um eterno melhor amigo.
Respirei fundo para retomar o controle sobre mim mesma.
É isso que chamo de silêncio oportuno. Não é uma ausência de som incômoda que nos deixa sem graça e tímidos, é simplesmende um momento onde o silêncio é necessário, apenas o som do vento nas árvores e dos carros na rua. Onde não são necessárias palavras, pois um ou mais gestos já dizem tudo. E naquela ocasião o gesto foi aquele abraço.
Ele deu um suspiro derrotado e fez que não com a cabeça. Aquilo significava algo como: "Desisto! Nunca vou entender as mulheres".
Me afastei, novamente controlada. Reuní minhas forças e disse:
- Mas foi você que me chamou aqui. O que queria me dizer?
Ele pareceu estar surpreso por ver que eu ainda me lembrava daquilo.
- Não era nada importante... É melhor deixar para outro dia.
Eu percebia que era sim uma coisa importante, mas resolvi não insistir. Já estava farta de emoções por um dia só.