quinta-feira, 29 de julho de 2010

Esperança

Aquele era um dia seco. Ainda mais seco do que todos os outros dias daquele ano.
Não se sabia exatamente porque, mas as chuvas haviam parado, e isso fazia com que as plantas morressem.
A cada dia havia menos comida, e o rio mais próximo não continha mais água.
Diziam que era por causa dos homens da cidade, mas a cidade mais próxima era muito distante, e ninguém se atrevera a atravessar o deserto para ver o que estava acontecendo por lá.
- O que temos para o almoço hoje, papai? - perguntou um menininho moreno e magro, quase desmaiando de fome.
O pai o olhou com compaixão. O que podia oferecer? Nada.
O que os sustentaria ali naquele fim de mundo?
- O fato de ainda estarmos vivos - respondeu.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sobre olhar em volta

As pessoas gostam de olhar seus problemas
Mas esquecem de olhar os dos outros

As pessoas gostam de enxergar suas virtudes
Mas esquecem de enxergar as dos outros

As pessoas gostam de ver os defeitos alheios
Mas esquecem de ver a seus próprios

' ' '

Sempre que algo parece ruim
Pense em tudo o que poderia ser pior

Assim que ver suas qualidades
Desconfie delas e veja se seu vizinho não tem mais

Antes de reclamar do que foi feito pelos outros
Olhe para seus próprios atos e veja se está com a razão

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Família


A família é a coisa mais importante que pode haver
Você duvida? Então me diga quem mais seria




Um amigo, uma amiga?
Talvez  um amor?




Em um primeiro momento, pode ser
Mas e depois?


Os amigos se separam
Os amores se vão




Pessoas tão importantes de repente desaparecem
Simplesmente somem, como se jamais tivessem existido




E aí?
Para quem correr agora?




Seu melhor amigo é sem pai
Sua melhor amiga é sua mãe


São eles que vão te socorrer
São eles que vão te apoiar




Quando não houver mais ninguém
Quando você estiver sozinho




Quando você achar que a solidão te persegue
Vai descobrir que tem a eles

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Depois

Aos desenhos que não foram desenhados
Às pinturas que não foram pintadas

Aos projetos que não foram esboçados
Às frases que não foram ditas

Esquecemos o sorriso
Esquecemos o bom dia

Costumamos esquecer o bom humor
Costumamos esquecer o hoje

É engraçado perceber que sempre há um amanhã
É incrível poder deixar as coisas boas para mais tarde

Não se preocupe, mais tarde...
Não fique assim, depois...

Mas o mais incrível é que é sempre o depois
O mais incrível é que continuamos a esquecer

Lá fora

Para você
Para mim
Para ela e ele

Para todos aqueles que habitam
Para todos os que vivem
Também para os que convivem
Para qualquer um

Bom ou mau, inteligente ou não
Quem crê, quem descrê
Aqueles que viveram, aqueles que apenas existiram
Não importa

Sempre haverá alguém lá fora
Ou algo, em algum lugar
Sempre estará esperando
Não sei o que é, nem como é

Mas eu sei que é
Sei que está lá
E sei que sempre estará


As pessoas têm a mania de sempre querer se agarrar a uma certeza, mas nós sempre nos esquecemos de que a única certeza é a de que um dia não estaremos mais aqui.
Não importa se você acredita ou não em algo, mesmo que a vida continue, o que ela seria do outro lado?
Viu? Ninguém sabe, ninguém saberia responder a essa pergunta.
E mesmo se você acreditar em uma teoria, como vai saber para onde você vai? Como pode ter certeza de que seu comportamento é o adequado? De que você não fez nada de errado ou mau?
Pois é, você não sabe.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Contrstes


Os contrastes são coisas inacreditáveis:
Não se sabe o que é luz se nunca se esteve na escuridão
Não se sabe o que é calor se nunca se passou frio
Não se sabe a importância da comida se nunca se esteve com fome
Não se sabe o valor da água se nunca se esteve com sede

Vi certa vez uma filosofia que defendia a violência. De acordo com ela, se houvesse uma grande guerra, algo que ferisse a todos muito profundamente, aí então nunca mais haveria conflitos, pois todos perceberiam o valor da paz.

Mas não é estranho contradizer o seu próprio objetivo para trazê-lo à realidade?
Não é contraditório impor a paz pela violência?
Não é desnecessário causar tal sofrimento?



As marcas que as batalhas deixam nos campos abertos e ensanguentados são como os machucados no coração das famílias que perderam alguém. Vale a pena?

Essa filosofia tinha uma visão tão bela sobre a paz, sobre um mundo perfeito. Mas ela mesma se maculava ao pregar a política de "os fins justificam os meios".
Os sonhos que sonhamos são sempre de esperança, e se não se conhece os opostos, jamais se saberá o que realmente tem valor.


Mas me pergunto: é realmente necessário causar a dor para que desencadeie o amor? A dor não causaria ódio que causaria ainda mais ódio e ainda mais violência? O ser humanos é um bicho vingativo, não aceita levar um tapa na cara e não revidar.

Só que é preciso tentar. É preciso plantar as sementes para se colher os frutos. E é preciso que enxerguemos o que é bom e o que precisa de mudanças, o que precisa ser melhorado.
E sem precisar conhecer os contrastes.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Viagem ao espaço


- Papai, vamos viajar?



- Claro, meu filho. Mas para onde?

- Não sei...

Os dois estavam no porão.

Os estrondos vinham do alto, os alicércies da casa sacudiam e o pó da construção caía sobre suas cabeças.


- Que barúlho é esse, papai?

- Me parece... - mas ele não disse a verdade, para que? Não queria desesperar seu pequeno filho. - Alguma espécie de chuva de meteoros.

- Meteoros?! Iguais os que vêm do espaço? Mas você acha que vão nos achar?


- Não... é claro que não. Os meteoros não conseguem procurar as pessoas. Ainda mais aqui em nosso esconderijo secreto


- Tem razão...

- Podemos viajar agora se você quiser.

- Sério? Então vamos.

- Já decidiu onde quer ir?

- Acho que ao espaço. Uma galáxia beeeeeeem distante.

- Humm. Se é assim tão distante, acho que precisaremos de uma nave.

E os dois se sentaram dentro de uma velha caixa de papelão que já guardara uma geladeira.

Lá fora os estrondos continuavam.
A destruição de alastrava como uma praga impiedosa pela cidade.
E as pessoas morriam.

De desespero.
De angústia.
De medo.
Ou simplesmente atingidas e dilaceradas.

Mas naquele porão, pai e filho não viam a realidade.
O que tiver de ser será.
Na situação em que se encontravam, não adiantaria orar, não adiantaria pedir, não adiantaria chorar e esperar pelo fim.


E eles viajaram pelo espaço até que um dos projéteis atravessou o teto do porão e levou-os com uma última imagem da chuva de meteoros que atingia sua nave.

Um certo sonho

As pessoas se divertiam.

Eram todos amigos de todos.

A vida jamais fora tão bela.

Nas ruas a paz.

Nas escolas o aprendizado.

Gotas de chocolate caindo do céu.

Rios de água e vinho correndo lado a lado sem se misturar



Mas aí ele acordou.
Levantou-se sonolento e foi até a janela.
Lamentou-se por ter sido apenas um sonho.



As pessoas eram infelizes.

Haviam inimigos e haviam os falsos amigos.

A vida jamais fora tão violenta.

Nas ruas a violência.

Nas escolas a ignorância, portas fechadas para a sabedoria.

Bombas e balas caindo do céu.

Rios de sangue misturados à água poluída da chuva.



Mas aquele era um novo dia.
E todo dia pode ser o primeiro.

Apesar de ninguém poder voltar atrás para começar novamente, todos podem começar agora e mudar o fim.

E ele saiu de casa com esse pensamento.
Disposto a mudar o mundo para sempre.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Recomeço


E então tudo acabou
O mundo se tornou cinzento
Apenas ódio reinava sobre a terra

Pessoas andavam de cabeças baixas
Não olhavam os rostos de outros
Individualistas, egoístas

"Afinal, o que adianta se preocupar com os outros se no final morreremos todos sozinhos?"
E era esse o pensamento predominante
Eu, apenas eu

pizdaus_plantinha_muro1Dinheiro
Poder
Prazer

Prazer?
Mas como?
Sozinho?













Sem ter a quem amar
Sem ter com quem compartilhar
O mundo se torna tedioso e sem sentido quando se está sozinho

Mas demorou muito tempo para que os homens percebessem isso
Tempo demais
E nesse tempo, quase tudo já estava perdido

Mas ainda havia tempo
Por algum milagre, ainda não chegara o fim
E eles decidiram recomeçar

Downlad free Other - There is Always Hope wallpaper

Escarlate





Ela entrou na pequena cabana
Pés descalços
Vestido vermelho









Ela passou a poltrona vermelha
Atravessou o primeiro de três cômodos:
Sala, cozinha, quarto




E ali, depois da mesa
Lá estava ele
Ela se ajoelhou no chão da cozinha encardida


O tecido do vestido confundia-se com o vermelho do chão
O líquido brilhante sob o corpo inerte dele
Um grande rasgo em sua garganta






Suas lágrimas se dissolveram na poça de sangue
Seu próprio sangue parecia não existir mais
A dor insuportável da perda a corroía


E o pior de tudo:
Ela sabia
Sabia sim, mas chegara tarde demais

segunda-feira, 1 de março de 2010

Um erro irremediável

E lá estava ele. Poderoso, vingativo, medonho, sedutor.
Sua espada cintilava ao sol, tanto a lâmina prateada quanto o sangue vermelho arrancado sem piedade de seus inimigos.
Ele era fabuloso... era heróico... era...
Ela se assustou ao ver uma espada vindo em sua direção. Rapidamente desarmou seu adversário e cravou sua lâmina em seu peito.
Mas ele era um vilão. Zack era o cavaleiro das sombras, servidor do rei, traidor de sua família.
Ele a havia enganado, ele fingira ser alguém que não era... ele dissera... ele dissera que a amava.
Mas eram mentiras, tudo era mentira.
Ela sabia o que tinha que fazer. Ela sabia que precisava honrar sua família, precisava lutar contra a tirania do rei e impedir que o mal triunfasse.
Ela ergueu sua espada e correu em diressão ao traidor. Não pensou no passado glorioso que unira os dois, não pensou nas promessas falsas e palavras vazias que um dia ele já lhe dissera. Ela ignorou a dor no coração e a vozinha ingênua e apaixonada que dizia: "Não faça isso, por favor, não faça!".
Ela avançou e gritou ferozmente anunciando sua chegada ao inimigo.
O homem pareceu assustado ao vê-la.
- O que...? - mas antes que ele pudesse concluir a pergunta teve que levantar a espada para evitar que sua cabeça deixasse o corpo. - Sophie, o que está fazendo?
- O que acha que estou fazendo? - e ela desferiu outro golpe impiedoso do qual ele teve de esquivar.
Ele não a atacou, apenas evitou golpes e bloqueou seus golpes.
- Sua louca! Pare com isso, está me atrapalhando.
- Jura? Que pena - disse ela, irônica -, mas acho que é isso que eu tenho que fazer.
A adrenalina viajava velozmente em suas veias. Ela sorria enquanto lutava pela vida em meio ao campo de batalha.
- Pare com isso, Sophie! Chega de brincadeira!
Ela ficou brava. Brincadeira? Era tão ruim na espada assim?
- Não estou brincando, seu verme! - e com essas palavras ela desferiu um golpe que acertou-o no flanco esquerdo.
Ele pareceu ainda mais assustado.
- Sophie... como pôde...?
Ela avançou mais uma vez, com o golpe fatal em mãos.
Ele bloqueou o golpe e se levantou.
- Não acredito...
Ela tentou acertá-lo mais uma vez.
- Pare com isso, Sophie. O que está pensando?
- Como ousa, seu descarado?! Você nos traiu, você se juntou ao rei!
- Não Sophie, eu...
Mas ela não queria ouvir desculpas.
Ele a desarmou e ela caiu de costas no chão.
- Por favor, me deixe explicar.
- Vai, você venceu, me mate logo!
- Não posso... eu quero que você me ouça.
- Não me venha com essa agora... - ela sacou sua faca de bolso e atirou-a no peito do ex-amante.
Infelizmente sua mira era certeira, a faca acertou diretamente no coração, passando por uma pequena falha na armadura.
O guerreiro caiu de costas. Ela se levantou.
- Sophie... - ele levava uma das mãos sobre o coração. - Eu... não... traí ninguém.
- É tão covarde a ponto de negar seus feitos à beira da morte?
O sangue escorria de seu peito. Ele não disse nada. Com suas últimas forças, enfiou a mão livre dentro do colete de guerra e de lá tirou um papel. Ergueu o papel para ela.
Desconfiada, Sophie pegou o papel com violência. Desdobrou-o e seus olhos se arregalaram ao deslumbrar seu conteúdo.
- Isso é...?
- Eu te amo, Sophie.
O guerreiro fechou os olhos e morreu enquanto sua amada segurava nas mãos o documento oficial de estratégia militar do rei tirano que ele pretendia entregar ao líder dos rebeldes.
Uma lágrima de arrependimento escorreu pelo rosto de Sophie.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Às pessoas queridas


Existem amigos do peito, aquele pelos quais você arriscaria tudo
E existem aqueles que te usam e depois te jogam fora


Existem amigos para todas as horas
E existem os que te deixam na mão


Existem pessoas honestas
E as que são duas caras


Existem os bons
E os maus


♦.♦.♦



Amizade me parece uma palavra um tando estranha.
Que quer dizer afinal?



Só de início posso afirmar:
Minhas amizades são todas verdadeiras


Porque existem aqueles que fingem ser amigos?


Por ganância?
Por que acham graça?
Por falta de sentimentos?
Ou será que é porque eles próprios têm dificuldades para amar?


Sim, pois no final das contas a amizade não passa de amor


Um verdadeiro amor


De um verdadeiro amigo

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Sobre o infinito misterioso

O céu é algo estranho.


A noite cai, o manto azul marinho cobre o infinito e é salpicado por estrelas
Uma lua branca e serena nos observa como uma mãe cautelosa a guardar o berço do seu bebê

Logo chega o sol, o luz majestosa que se espalha pela imensidão ilumina tudo com seu calor protetor
O calor da vida se mostra ainda mais vibrante sob o céu azul

Quando chove, o céu chora
Mas é estranho afirmar isso, já que são essas lágrimas milagrosas as responsáveis pela vida


Quando se olha para cima, é possível ler o céu:

Nuvens cinzentas podem significar desespero, depressão

O dia claro e limpo é a mais pura felicidade

Uma leve névoa é a confusão, a incerteza
A noite escura pode ser o medo
Mas a noite clara é a calma


Quando se acorda no dia de um interro, portanto, nada parece bom:

O sol morno de outono ganha um ar impiedoso e mal
O dia mais belo torna-se o mais escuro de todos
O céu azul parece pesad o e prestes a desabar
A desolação toma conta do mundo


Algumas vezes ocorre que é o céu aquele quem nos dá o humor:

O sol encoberto por nuvens cinzentas nos faz cair em depressão
As estrelas de uma noite clara são sinônimo de alegria

Com a tempestade vem o mal humor
A chuva fina nos dá esperança


E por fim pode-se concluir que é impossível concluir caisa alguma
Por trás do que vimos ainda há muito mais do que o mistérioso desconhecido
Acima das nuves há a lua, o sol, as estrelas, o infinito

E o mais desolador para nós é saber que nem mesmo o que conhecemos conhecemos por completo


O céu pode sofrer?
O céu pode chorar?
O céu pode alegrar-se?
O céu pode entristecer-se?
O céu é capaz de importar-se conosco?

O céu sente?


Porvezes me parece que sim

Ou será que somos nós que de tão pequenos e insignificantes sentimos a necessidade de criar ilusões para nos manter vivos e lúcidos?

E isso é tudo o que podemos saber sobre o misterioso infinito:
Nada de concreto

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O melhor melhor amigo do mundo

Eu tinha apenas uma lágrima no rosto e muitas incertezas no coração. O que faria agora que sabia a verdade?  Bem, era por isso que eu estava me abrindo com ele, não havia ninguém mais no mundo que eu pudesse realmente confiar além do meu melhor amigo.
E eu estava triste, muito triste.
Foi quando eu o olhei direto nos olhos procurando consolo, e aí eu percebi que ele era mais, muito mais que um simples melhor amigo.
Aquele não foi um momento de coragem ou superação. Foi mais como se eu tivesse sido vencida pela minha própria vontade.
Derrotada, baixei os olhos eu disse:
- Você podia me beijar agora.
Eu não consegui encarar a expressão no rosto dele, mas imaginei que fosse de surpresa, uma surpresa satisfeita.
Havia uma sombra de riso em meus lábios, afinal, eu não podia deixar de achar graça em ver os papéis invertidos. Geralmente era ele que tentava me beijar a todo custo. Era ele que costumava dizer que se eu deixasse eu seria mais que uma melhor amiga para ele.
Eu o espiei pelo canto do olho. Ele apenas piscou. Era óbvio que ele achava que não tinha ouvido direito, mas parecia estar com medo de perguntar.
- Hein? - conseguiu dizer.
Mordi o lábio. Não sabia se conseguiria repetir o pedido. Mas eu não precisei, foi ele quem falou primeiro.
- Eu ouvi direito?
Eu só tive forças para afirmar com a cabeça.
Um sorriso incrédulo surgiu no rosto do meu melhor amigo. Era claro que ele não podia acreditar.
O sorriso sumiu de repente, e eu o vi mergulhado em reflexões. Talvez estivesse considerando a possibilidade de eu estar brincando com ele. Achei que talvez fosse justo.
Mas no final seu desejo esqueseu a possível regeição. Ele não disse nada, não fez nenhum comentário. Me senti sendo puxada por ele, e em seguida seus lábios ressecados pelo frio nos meus.

Nos separamos com sorrisos e olhares acanhados porém felizes.
Mas uma confusão de pensamentos e sentimentos tomou conta de mim de repente. É difícil explicar, não sei exatamente em que pondo meu sorriso foi tomado pelas lágrimas e se transformou em soluços. Não sei exatamente o que me fez chorar ou quais pensamentos estavam em minha cabeça. Fora um dia muito exaustivo.
Eu me atirei para abraça-lo e logo estava envolvida por seus braços quentes. É verdade que estava nevando e que seu casaco vermelho estava quase branco, mas havia algo ali que me aquecia, que me confortava. Era um abraço de um eterno melhor amigo.
Respirei fundo para retomar o controle sobre mim mesma.
É isso que chamo de silêncio oportuno. Não é uma ausência de som incômoda que nos deixa sem graça e tímidos, é simplesmende um momento onde o silêncio é necessário, apenas o som do vento nas árvores e dos carros na rua. Onde não são necessárias palavras, pois um ou mais gestos já dizem tudo. E naquela ocasião o gesto foi aquele abraço.
Ele deu um suspiro derrotado e fez que não com a cabeça. Aquilo significava algo como: "Desisto! Nunca vou entender as mulheres".
Me afastei, novamente controlada. Reuní minhas forças e disse:
- Mas foi você que me chamou aqui. O que queria me dizer?
Ele pareceu estar surpreso por ver que eu ainda me lembrava daquilo.
- Não era nada importante... É melhor deixar para outro dia.
Eu percebia que era sim uma coisa importante, mas resolvi não insistir. Já estava farta de emoções por um dia só.