domingo, 1 de janeiro de 2012

Ano Novo

E isso me lembra as pessoas que foram... e as que vieram
Todas importantes, todas inesquecíveis
Pensando em tudo que me deram
Entendo como são todas incríveis

Cada uma do seu jeito
Único, diferente
Sem precisar ser perfeito
Ensinando, aprendendo e mudando incessantemente

São pessoas que foram
E nem por isso as esqueci
Pessoas que conquistaram
Um lugar, bem aqui

Havia um menino... ele era magrinho, parecia um graveto. E baixo, menor que eu.
Mas às vezes parecia não ser tão magro... parecia ter uma cabeça enorme!
E às vezes... não parecia ser tão baixo, era muito alto.
Ele me ensinou a brincar, a pular e a correr.
Me ensinou a ouvir Cazuza... e a ler, e me incentivou a criar.
Ele acreditava em Deus... ou não?
Sempre caía no rio no caminho da coragem, mas nem por isso deixava de ser valente.
Enchia o saco com brincadeiras sem graça, e era quase um colecionador de bonés.
Adorava futebol, mas depois adorou o basquete.
Achava que Harry Potter era uma porcaria, "Só gosto a partir do quarto" ele dizia.
Um dia fizemos um campeonato de vale-tudo de inseto, prendendo várias espécies em um pote de plástico, até hoje não sei se o tatu-bolinha foi o vencedor porque era forte mesmo ou porque seu metabolismo era mais lento e por isso não morreu asfixiado como os outros.
Nós trocar figurinhas dos álbuns que colecionávamos e andar de pé sobre o trepa-trapa
Subíamos em uma árvore e passávamos dela para outra, além de subir em telhados, é claro.
Elaborávamos pequenas peças de teatro, e inventávamos novos componentes do jogo "pedra, papel, tesoura".
Um dia eu bati nele com um galho, e para me desculpar falei: "Mas era um galho fininho, não achei que fosse machucar".
Ele era o mágico... e o palhaço também.
E até agora ainda penso nele, por mais distante que esteja, pois foi inesquecível.

Havia uma menina... ela era alta e magríssima... Se bem que às vezes parecia mais gordinha ou baixinha. Não lembro bem se seu cabelo era preto, ou castanho claro, ou castanho escuro... ou loiro.
No começo não éramos tão amigas... eu achava que ela era muito mimada, mas depois descobri que isso não era bem verdade, e fizemos um clube.
Um clube de amigas para sempre... e eu sei que ele existe até hoje, pelo menos dentro de mim.
A gente tocava violino, e eu adorava o amendoim caramelado que a mãe dela fazia.
Descobri que gostava de abacaxi quando fui à casa dela.
E certa vez, jogando bingo, dei tanta sorte que todos os números que eu falava que iriam sair... saíam.
Ela desenhava... dançava... interpretava.
Todo mundo queria usar o giz especial que ela levava para a escola!
Ela foi o meu cavalo em uma das nossas brincadeiras, era tão divertido!
Era a mais divertida, engraçada... e pintora, com quadros espalhados pelas paredes do restaurante da mãe dela.

É ano novo, vida nova, dizem eles
Mas de nada adianta o novo se não tivermos no passado
Uma marca sincera daqueles
Que nos deram tanto enquanto estiveram ao nosso lado