segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Essa Tal Saudade

Ai saudade essa que me ataca como um câncer
Tumor que, silencioso, corrói minha alma
Saudade que de inocente não tem nada
Não tem graça, não ter ar
Vira-o, ao contrário, quando dá o ar da graça
Fere as vontades de quem assalta
Impede sonhos, desejos
Mas de consolo serve à vítima
Saber que somente três possibilidades podem se dar:
Ou sofrerá eternamente com uma saudade crônica, câncer maligno que nunca matará
Ou terá a saudade uma cura, se esgotará quando não houver mais motivos para sentí-la
Ou doente e doença viverão em harmoniosa e turbulenta simbiose, podendo cultivar uma feroz amizade, dessas regadas pela incessante disputa
Posso dizer que hoje sofro dessa última
É uma paz equilibrista, repleta de paixão e ódio
Por vezes ela me aperta, me comprime as víceras sem piedade
Mas logo recua mansa, deixando-me esquecê-la por alguns instantes
Dá me um motivo para escrever, para me lembrar, e toma-me novamente os sentidos
Deixa-me tonta,
Triste pela dor, feliz pelas lembranças,
Triste pelas lembranças felizes
Feliz pela dor que me lembra de que
Em algum momento
Mesmo que por um curto tempo
O motivo da saudade a fará recuar
Nem que por um breve instante 

domingo, 22 de setembro de 2013

Sometimes

Sometimes I wish I could say to you how much you mean to me
Sometimes I wish I could respond your poetry with mine
Sometimes I wish I could stay there forever, listening you talk about those beautiful nonsenses


I just wish I could remember all of this to tell you next time we meet
But then I look at you


And sudenlly the hole night sky is condensed in one single spot
And I loose all my references, the ground, the breath
And I wish we never go away

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Um Pedaço de Mim

É um pedaço de mim,
Que foge, vai embora
Depois volta manso
E demora

É um pedaço de mim
Que espero ver por um fulgaz instante
Depois de tanto tempo distante
Tempo tanto tempo todo tempo assim

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Carta à Selva de Pedra

Dearling

        Há tempos que venho querendo escrever-lhe, mas por falta de inspiração e tempo não tinha tido ainda a oportunidade. Ultimamente tenho sido perturbada por pensamentos que me remetem à realidade. Bem sabe você que me refugiei nesse lugar justamente para fugir dela, mas não posso mais ouvir a palavra "Brasília" sem me lembrar de você.
        Engraçado, acho que fazia anos que não ouvia o nome dessa cidade. Pensava nela às vezes, sentia saudades. Não tanto dela, é claro. Aqui é difícil ouvir falarem do Brasil, menos ainda na metrópole do planalto central, então não tenho sofirdo tanto com isso. Mas ontem ouvi. Bem assim, por cima, não sei se no televisor do bar ou de alguma das conversas aleatórias que se davam nas mesas ao redor. E me veio toda essa onde de emoções.
        A inspiração, por fim. E apesar de continuar sem tempo, sei tão bem quanto você que é necessário atender quando ela bate à porta, caso contrário ela se vai para nunca mais voltar.
        Estou fora de mim, como já deve ter notado, há anos que não escrevo uma carta, há anos que não escrevo, e, principalmente, há mais tempo ainda que não escrevo tão mal. Lembro-me das suas cartas, todas rebuscadas, detalhadas, pensadas, e então vejo a que escrevo agora, impulsiva, sem um rascunho anterior, sedenta de estravazar o que vem sendo reprimido há tanto tempo.
        Só sei que quando ouvi... "Brasília", perdida no meio de uma frase, talvez o noticiário, talvez um plano de férias, talvez assuntos políticos. Tão perdida quanto eu quando cheguei aqui, sozinha, tremendamente arrependida. Mas veja que o arrependimento durou pouco, logo arranjei um emprego, conheci pessoas... e a vida nunca foi tão divertida.
        Mas ao ouvi-la senti falta das nossas diversões. Vim para casa.
        Estou com suas cartas em cima da mesa. Não me pergunte por que as guardei, mas saiba que as tenho todas. Creio que no fundo mesmo eu nunca quis ir embora, mas você conhece bem todos os motivos que me fizeram partir. Só quero te lembrar que você foi o último deles.
        Escrevo porque sinto sua falta. Não sei se é a idade que avança e nos faz de repente lembrar do passado... aliás, é seu aniversário, não é? Hoje. Acho que essa carta não vai chegar a tempo, certo? Talvez eu não chegue a tempo... Não, esqueça essa última parte, não creio que eu ainda volte. Mas eu... bem, queria poder arrancar-lhe suspiros agora.
        Não me leve a mal, deve ser o gim... ou o champagne, ou a cerveja. E faz tempo que não escrevo, só tenho cantado ultimamente.
        Sinto saudades de você debaixo do meu cobertor... das suas mãos quentes a me amparar, abraçar, tocar. Da sua voz doce a dizer que me ama, da sua voz, como ela é, a dizer o que quer que seja.
Quem sabe um dia... É difícil para mim, você sabe, tenho uma vida inteira aqui. Se bem que você também tem a sua aí. Sinceramente, não sei porque insisto em nossas lembranças, sei que você já deve ter conhecido outras mulheres por aí, eu também tive casos por aqui, motivos suficientes para esquecer. Mas não esqueci, e hoje tive certeza de que jamais esqueceria.
        Nunca te mandei meu endereço para não correr o risco de receber uma carta que fizesse o arrependimento voltar. Agora percebo que nunca precisei de uma carta para tê-lo. Ele sempre esteve lá, mas eu o escondi de mim mesma.
        "Brasília"... a primeira vez em anos. E foi o suficiente para fazê-lo vir a tona.
Oh, god, o que estou fazendo da minha vida... sorry, I shouldn't bem piecing you off with this. Who knows... maybe I should go back.
        No, não... ah, me desculpe pelo inglês, é que eu... é a força do hábito. Acho que está na hora de parar, minha cabeça está começando a doer. Se você receber esta carta há duas possibilidades: ou eu vou ter acordado sóbria amanhã e considerado que não seria assim tão arriscado enviá-la; ou em algum momento de pouca lucidez, sóbria ou não, eu decidi... como se diz... take a chance.
Nossas noites costumavam ser quentes, torça para que em algum desses momentos de pouca lucidez eu decida voltar. Aí quem sabe poderemos tê-las uma vez mais.



Saudades eternas,
Não mais sua, mas para sempre sua,
E.
Las Vegas, 1957

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sou

Entre muitas outras coisas, ouso dizer que sou apaixonada por você
Criei a teoria de que, depois de certo tempo, as pessoas deixam de estar apaixonadas
Estar indica estado atual, temporário
Mas eu, eu sou, do verbo ser, indica permanência, é inato, inerente
Estar faz parte do passado, já estive, agora sou

Ser, qualidade adquirida que fará sempre parte da personalidade de quem a tem
Ser apaixonada por você faz parte de mim agora
Foi absorvido, incorporado
Agora não pode mais deixar de ser
Sou, do verbo ser

domingo, 1 de setembro de 2013

The Sparrow

There was this little blue-eyed bird
Flying on the blue sky
Searching
They say the world stops when the sparow sings
But this one didn't for a long time
He's looking for a safe place
A place where he'll bild his home
He sees a tree
Not the tallest, not the srtongest
But the one among all
He choses her
And when he finally lands
He sings
And his song is the most beautiful in the world