Tumor que, silencioso, corrói minha alma
Saudade que de inocente não tem nada
Não tem graça, não ter ar
Vira-o, ao contrário, quando dá o ar da graça
Fere as vontades de quem assalta
Impede sonhos, desejos
Mas de consolo serve à vítima
Saber que somente três possibilidades podem se dar:
Ou sofrerá eternamente com uma saudade crônica, câncer maligno que nunca matará
Ou terá a saudade uma cura, se esgotará quando não houver mais motivos para sentí-la
Ou doente e doença viverão em harmoniosa e turbulenta simbiose, podendo cultivar uma feroz amizade, dessas regadas pela incessante disputa
Posso dizer que hoje sofro dessa última
É uma paz equilibrista, repleta de paixão e ódio
Por vezes ela me aperta, me comprime as víceras sem piedade
Mas logo recua mansa, deixando-me esquecê-la por alguns instantes
Dá me um motivo para escrever, para me lembrar, e toma-me novamente os sentidos
Deixa-me tonta,
Triste pela dor, feliz pelas lembranças,
Triste pelas lembranças felizes
Feliz pela dor que me lembra de que
Em algum momento
Mesmo que por um curto tempo
O motivo da saudade a fará recuar
Nem que por um breve instante