terça-feira, 30 de abril de 2013

O Estranho Objeto Mágico

Aos sete anos de idade, ela estendeu os estranho objeto retangular para a mãe e perguntou:
"O que é isso mamãe?"
A mãe sorriu e respondeu docemente:
"Isso, meu bem, é para usar na cabeça"
"Como?"
"Você deve colocá-lo na cabeça e equilibrá-lo, não pode deixar cair"
"Posso tentar?"
"Mas é claro que sim"
E com todo o amor do mundo, a mãe ensinou a menina a endireitar a coluna e a cabeça para que o objeto pesado e retangular ficasse equilibrado sobre sua cabeça. Primeiro com a garotinha parada, depois com ela andando.
Pouco a pouco, a menina foi dominando a arte de andar com a postura correta. Ano após ano ela foi aprendendo a prática dos bons costumes e da etiqueta.
Com carinho, sua mãe ia-lhe ensinando tudo o que uma jovem moça nascida em berço de ouro deveria saber para ser respeitada e amada por todos.
Até que um dia...
Aos catorze anos de idade ela deixou o objeto cair.
Havia muito tempo ela não praticava mais aquele exercício de equilíbrio. No começo, já havia deixado o retângulo cair diversas vezes, mas sua mãe sempre estava ali para pegá-lo rapidamente e devolvê-lo em sua cabeça.
Dessa vez não.
Depois de tantos anos ela havia visto novamente o estranho objeto e pensou em repetir a prática uma vez mais, por pura nostalgia ou no intento de checar se ainda andava como devia andar.
E para sua surpresa, o objeto se abriu ao tocar o chão. E pela primeira vez, ao erguê-lo novamente, ela percebeu que ele não era uma massa sólida, mas sim algo composto por diversas folhas de papel que juntas formavam aquele pequeno tijolo.
Ela identificou letras gravadas naquelas páginas, e leu.
Nunca mais foi a mesma desde então, aquele estranho objeto nela despertou a magia do saber, do conhecer, da vontade de compartilhar com todos aquilo que ela podia ensinar.
E foi mais amada e mais respeitada do que jamais seria se não tivesse deixado cair aquele estranho objeto mágico.