sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Penso, logo (não) existo

 

Estavam no quarto. A velha guardava algumas roupas no guarda roupas enquanto o sol descia preguiçosamente no céu de tarte de inverno.
Na mão do garoto, um pequeno livrinho que ele encontrara sobre filosofia. Estava lendo sobre Descartes.

Vovó, René Descartes tem uma frase um tanto estranha... “Penso, logo existo”. O que quer dizer?

Ela se lembrou sobre sua conversa pela manhã.

Descartes foi muito inteligente ao criar essa frase. Com ela, ele pretende explicar que para existir é preciso ter a capacidade de pensar e raciocinar. É preciso ter a razão.

Uma pausa se passa onde os dois admiram o cair da neve pela janela.
A velha prossegue:

Mas eu acho que ele estava errado.

Por quê?

Meu biscoitinho de gengibre, você acha que apenas a razão basta para existir?

Bem, se algo é capaz de pensar, é claro que ele existe.

Talvez sim. Então vou mudar a pergunta: você acha que apenas existir basta?

Como assim?

Meu biscoitinho de gengibre, não basta pensar, não basta apenas existir.

Então o de que mais precisamos?

Precisamos viver, e para viver é preciso agir.



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