sábado, 17 de setembro de 2011

Setembro

Ela estava acabada, sem forças para continuar. Lábios e dedos roxos, admirando um por do sol que parecia durar uma eternidade.
Lindo.
Trágico.
Majestoso.
Imponente, parecendo esmagá-la.
Deitada na grama, sob uma amoreira quase descarregada. Ela tinha se ocupado em colher o máximo possível durante toda aquela tarde. Ao lado dele, que dormia ao seu lado agora.
Setembro.
Que mês magnífico... mágico! O mês da primavera, das pitangas, das amoras, dos amores... E tudo tinha acontecido tão rápido, de repente.

"Olá, posso me sentar aqui?" uma pergunta estranha considerando que havia muito espaço ao redor daquele lago.
"Claro" ela respondeu mesmo assim.

E logo ficou evidente que eles tinham muito em comum. Uma conversa que puxava a outra... e o final de semana que devia ser apenas um descanso na casa de campo dos tios tinha se tornado o início de uma história maravilhosa.
Ela se virou para olhá-lo. Seu estado era lastimável, manchas roxas cobriam-no da ponta dos dedos até os cotovelos, e ele aparentemente tinha dormido sobre algumas frutinhas madura, pois a bochecha direita também estava manchada.
Ela riu. Eles pareciam duas crianças... correndo e brincando o dia inteiro, mal se aguentando em pé naquele fim de tarde.
Espreguiçou-se com dificuldade.

"Ei, hora de ir, está anoitecendo".

Ele abriu os olhos com dificuldade e se sentou. Bocejou e olhou-a com olhos cansados e carinhosos. Ela tinha-o conhecido ha menos de um mês e já sentia-se totalmente fisgada.

"Então acho que é melhor ir" ele sugeriu.

Eles se levantaram e se olharam. Ela passou a mão por sua bochecha, mas no fundo sabia que era inútil remover aquela mancha sem um pouco de água e sabão.
Os olhares se cruzaram e então eles não podiam mais desviar os olhos. Olhos profundos e verdadeiros, dos dois, investigando um ao outro tão intensamente que pareciam ser um só.
Os lábios se encontraram e eles se perderam, esquecendo-se que a noite caía.
Não importava o quanto ia durar.
Não importava se ia durar.
Não importava como seria o amanhã.
Nenhum deles queria saber se aquilo era um "felizes para sempre", desde que houvesse por enquanto um simples e sincero "felizes".

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