segunda-feira, 1 de março de 2010

Um erro irremediável

E lá estava ele. Poderoso, vingativo, medonho, sedutor.
Sua espada cintilava ao sol, tanto a lâmina prateada quanto o sangue vermelho arrancado sem piedade de seus inimigos.
Ele era fabuloso... era heróico... era...
Ela se assustou ao ver uma espada vindo em sua direção. Rapidamente desarmou seu adversário e cravou sua lâmina em seu peito.
Mas ele era um vilão. Zack era o cavaleiro das sombras, servidor do rei, traidor de sua família.
Ele a havia enganado, ele fingira ser alguém que não era... ele dissera... ele dissera que a amava.
Mas eram mentiras, tudo era mentira.
Ela sabia o que tinha que fazer. Ela sabia que precisava honrar sua família, precisava lutar contra a tirania do rei e impedir que o mal triunfasse.
Ela ergueu sua espada e correu em diressão ao traidor. Não pensou no passado glorioso que unira os dois, não pensou nas promessas falsas e palavras vazias que um dia ele já lhe dissera. Ela ignorou a dor no coração e a vozinha ingênua e apaixonada que dizia: "Não faça isso, por favor, não faça!".
Ela avançou e gritou ferozmente anunciando sua chegada ao inimigo.
O homem pareceu assustado ao vê-la.
- O que...? - mas antes que ele pudesse concluir a pergunta teve que levantar a espada para evitar que sua cabeça deixasse o corpo. - Sophie, o que está fazendo?
- O que acha que estou fazendo? - e ela desferiu outro golpe impiedoso do qual ele teve de esquivar.
Ele não a atacou, apenas evitou golpes e bloqueou seus golpes.
- Sua louca! Pare com isso, está me atrapalhando.
- Jura? Que pena - disse ela, irônica -, mas acho que é isso que eu tenho que fazer.
A adrenalina viajava velozmente em suas veias. Ela sorria enquanto lutava pela vida em meio ao campo de batalha.
- Pare com isso, Sophie! Chega de brincadeira!
Ela ficou brava. Brincadeira? Era tão ruim na espada assim?
- Não estou brincando, seu verme! - e com essas palavras ela desferiu um golpe que acertou-o no flanco esquerdo.
Ele pareceu ainda mais assustado.
- Sophie... como pôde...?
Ela avançou mais uma vez, com o golpe fatal em mãos.
Ele bloqueou o golpe e se levantou.
- Não acredito...
Ela tentou acertá-lo mais uma vez.
- Pare com isso, Sophie. O que está pensando?
- Como ousa, seu descarado?! Você nos traiu, você se juntou ao rei!
- Não Sophie, eu...
Mas ela não queria ouvir desculpas.
Ele a desarmou e ela caiu de costas no chão.
- Por favor, me deixe explicar.
- Vai, você venceu, me mate logo!
- Não posso... eu quero que você me ouça.
- Não me venha com essa agora... - ela sacou sua faca de bolso e atirou-a no peito do ex-amante.
Infelizmente sua mira era certeira, a faca acertou diretamente no coração, passando por uma pequena falha na armadura.
O guerreiro caiu de costas. Ela se levantou.
- Sophie... - ele levava uma das mãos sobre o coração. - Eu... não... traí ninguém.
- É tão covarde a ponto de negar seus feitos à beira da morte?
O sangue escorria de seu peito. Ele não disse nada. Com suas últimas forças, enfiou a mão livre dentro do colete de guerra e de lá tirou um papel. Ergueu o papel para ela.
Desconfiada, Sophie pegou o papel com violência. Desdobrou-o e seus olhos se arregalaram ao deslumbrar seu conteúdo.
- Isso é...?
- Eu te amo, Sophie.
O guerreiro fechou os olhos e morreu enquanto sua amada segurava nas mãos o documento oficial de estratégia militar do rei tirano que ele pretendia entregar ao líder dos rebeldes.
Uma lágrima de arrependimento escorreu pelo rosto de Sophie.

Um comentário: