segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Um feixe de esperança na escuridão





Depois do maravilhoso caldo de feijão, os dois gozavam da última tarde que passariam juntos.
Ela o empurrava no velho balanço do jardim.
De súbito, ele falou:

Vovó, eu queria ser o dono do mundo.

Por que, meu bem? Você por acaso acha bom imperar sobre os outros como um rei tirano?

Claro que não, pelo contrário. Se eu fosse o dono do mundo, eu iria lutar pela igualdade.
Não haveria mais classes sociais.
Todos teriam as mesmas posses e direitos.
E não pense que eu implantaria um governo comunista, nem a perfeita teoria socialista de Karl Marx.
Muito mais do que isso. Eu iria tirar o dinheiro da face da terra.
Eu o baniria daqui porque é justamente ele o responsável por tudo.
Para começar, se não houvesse riqueza, não haveria pobreza. Muito menos miséria e fome.
Não haveria disputa de poder, já que o poder também é medido pelo dinheiro.
Então não haveria mais poder.
Por isso não haveria mais guerras ou violência, elas não fariam sentido sem o poder.
As drogas, as armas, o tráfego. Eles acabariam, pois não existiria a necessidade de vendê-los.
Os conflitos étnicos também não existiriam mais.
A necessidade de separar países acabaria, pois não haveria países, não haveria chefes de estado, não haveria o poder de um sobre outros.
Seria apenas uma grande comunidade mundial.
Isso se todos pudessem perceber os verdadeiros valores da vida, isso se cada um fizesse a sua parte, trabalhando não pelo dinheiro, mas pelo prazer de ajudar e de viver.
Todos seriam felizes.

A velha orgulhava-se daquele menino.

Isso é lindo, meu anjo. Mas é apenas uma utopia.

Utopia? Essa palavra está muito na moda, não acha? Se continuarmos achando que tudo o que é bom é uma utopia, nunca seremos capazes de concretizar o bem.

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